Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10216/117192
Full metadata record
DC FieldValueLanguage
dc.creatorAna Luisa Santos Madureira
dc.date.accessioned2022-09-08T12:43:19Z-
dc.date.available2022-09-08T12:43:19Z-
dc.date.issued2013-11-27
dc.date.submitted2018-11-29
dc.identifier.othersigarra:301286
dc.identifier.urihttps://hdl.handle.net/10216/117192-
dc.descriptionEsta dissertação tem como tema central a «paisagem», nomeadamente o seu papel na construção de outros mapas e outras representações da realidade capazes de accionar novas formas de olhar e projectar o território contemporâneo. A pertinência deste tema é justificada não só pela necessidade de clarificar a complexidade do actual processo/forma de urbanização extensiva, nas suas diversas escalas e componentes, mas, acima de tudo, de reconhecê-lo como resultado do modo como a actual sociedade se territorializa; modo, esse, já não apenas emergente mas absolutamente instalado na paisagem que analisamos e que remete invariavelmente para uma nova forma de construir território. Desde a ideia de «Jardim do Éden» até à contemplação de um «lugar-comum», a paisagem constituiu sempre uma base firme para a compreensão do mundo que nos rodeia, acompanhando em todas as civilizações as mudanças que o território e a sociedade que a produz vão sofrendo. Até há bem pouco tempo, dizia-se que a Geografia era a ciência que estudava as paisagens; e das paisagens dizia-se que eram uma espécie de síntese e epifenómeno resultante de uma relação de tempo longo entre as condições naturais (um conjunto de determinantes biofísicas) e a acção do Homem organizado em sociedades portadoras de uma cultura, de uma historicidade e de uma evolução tecnológica. Hoje, porém, o ressurgimento do interesse pelo tema da «paisagem» tem contemplado não só novos olhares e aproximações, como também a emergência de novas polémicas e inquietações. Seja pela importância crescente dos valores ambientais e patrimoniais, seja pelo facto da acelerada expansão do fenómeno de urbanização à escala macro territorial ter vindo a entrecruzar áreas de estudo anteriormente afectas a diferentes disciplinas, o facto é que, hoje, a paisagem é colocada em novos termos teórico-práticos, conjugando ou opondo discursos e representações de origem diversa. Desde os vários campos do conhecimento científico, passando pelo campo das Artes e da Estética, ou ainda pelo campo social, mediático e político, reflecte-se hoje sobre o interesse da sua análise nos mais variados domínios; chama-se a atenção para o seu valor estético e cultural, para a sua dinâmica e fragilidade; e sobretudo, agora, procura-se determinar de que modo esta pode desencadear formas de requalificar o quadro de vida quotidiano e reconstruir uma qualquer identidade local. De facto, por ser um elemento que contempla e que é resultado de um processo longo de modelação humana das condições naturais, a paisagem tornou-se numa espécie de divisor comum para onde confluem sínteses de conhecimento de origem diversa; e por isso, também, elemento imprescindível para os que por dever, ou necessidade, buscam novas formas de entender e decifrar a realidade, e, com elas, suscitar clarificações e, sobretudo, respostas aos novos desafios colocados pelos actuais processos/padrões de colonização do território contemporâneo. Com efeito, no campo do estudo e planeamento do território, a aceleração súbita da transformação da sociedade e dos processos de ocupação do território, das últimas décadas, a par do entrecruzamento disciplinar que analisa este fenómeno, têm vindo a provocar a inflexão das tradicionais lentes de leitura territorial para a consideração da preponderância dos modos e das geografias das relações sócio-espaciais associadas às novas lógicas da urbanização extensiva. Isto porque, tal como demonstra a imagem de capa da presente Tese (gentilmente cedida pelo Professor Álvaro Domingues), já de nada serve aprofundar os conteúdos das taxionomias territoriais habituais sobre a «cidade» e sobre o «campo», uma vez que a realidade ultrapassou as palavras/conceitos que a designavam e segundo os quais era equacionada. A visão sistémica e relacional que se funda e se reflecte nesta renovada dimensão de abordagem ao território é, assim, inteiramente imposta pela actual necessidade de se vislumbrarem novas formas de olhar e de actuar mais adaptadas ao modo como hoje a sociedade se territorializa, e, ao mesmo tempo, capazes de superar a proverbial inoperância dos conceitos e instrumentos de planeamento de senso estrito e delinear novas formas de equacionar e planear o território contemporâneo. De facto, a paisagem, tal como a depreendemos, faz sentido apenas quando relacionada com os processos de construção social do território e, portanto, com aqueles factores que condicionam tal construção. Daí que problematizar e compreender as realidades mais recentes e contrastantes do actual fenómeno de urbanização extensiva pela vertente da paisagem que estas determinam (na verdade, a que mais nos interessa enquanto matéria menos consensualmente estudada), envolve a identificação das suas componentes estruturais e a decomposição dos temas e das escalas determinantes nessa construção. Como tal, centrando-nos, em particular, nas formas possíveis e desejáveis de «regenerar» os modos de pensar e agir no espaço «novo» da urbanização - «novo» na medida em que a sua conformação compósita, combinado várias géneses e elementos de um e outro rural e urbano, não obedece às taxionomias habituais que faziam da sociedade e do território «coisas» manejáveis e mais ou menos previsíveis e estáveis - é a paisagem da urbanização dita difusa que aqui se equaciona duplamente. Por um lado, enquanto realidade vulgarmente designada pela dispersão das formas que a concretizam e que a representam na banalidade da sua fragmentação - termo que a capta em características genéricas, mas que em termos operativos ignora a sua diversidade e complexidade enquanto registo da sociedade que muda. Por outro lado, enquanto ponto de partida e fio condutor de uma abordagem em tudo diferente da geografia convencional que representa o sistema territorial como um conjunto de pontos (cidades), sobre o pano de fundo do espaço agrícola/rural ou natural e por isso, também, extremamente pertinente do ponto de vista das escalas e dos temas adequados para o diagnóstico e para as estratégias de planeamento dos actuais processos de construção do território contemporâneo. Matéria resultante de um processo longo de construção e acumulação que o tempo permitiu (já que mais do que substituir, foi conciliando), a actual paisagem/urbanização apreende-se aqui, quer pela análise da sua evolução e manifestação física, funcional e ambiental, quer dos factos sociais, culturais e económicos que a territorializam e a tornam específica de uma determinada sociedade e contexto. Percebê-la a partir da sociedade e do contexto que a produz é, assim, o primeiro exercício, mas o seu significado não se mede senão no exercício complementar que observa esta mesma paisagem de outras perspectivas e a situa em relações mais abrangentes com os actuais processos/padrões de colonização do território e respectivas lógicas de regulação, por um lado; e mais específicas, por outro, quando confrontada com situações concretas, tais como a da mancha urbanizada de Braga (município), prolongando-se pelo Cávado quase até Barcelos, Vila Verde e Amares. Mais do que um exercício de demonstração/prova do que é hoje a simultaneidade dos acontecimentos a que o território está sujeito e as tensões e polémicas que se geram em torno desta paisagem, a aproximação à realidade da amostra territorial acima referida e à sua geografia complexa, propõe-se assim ensaiar novas formas de olhar e dar ver os padrões de territorialização que se constroem para lá dos representados nos fundamentos e nas norma disciplinares, estéticos, morais, etc., com que tendencialmente olhamos e avaliamos a realidade. Pois, na verdade, enquanto não se conseguir ultrapassar as tradicionais lentes de leitura e de análise territorial, nomeadamente nas habituais taxionomias sobre a cidade e sobre o campo, tudo se transforma num processo de «degeneração» de ambas as coisas. Daí a procura de outros modos de ver e pensar a realidade capazes de se alargarem a outras referências e significações que consigam fugir aos estereótipos mais comuns e que, de certa forma, permitam perceber o que é que transporta e para que serve o discurso e a representação sobre esta paisagem, por um lado; e, por outro, a busca de renovadas formas de acção capazes de dar resposta aos desafios colocados por essa mesma paisagem/urbanização, através da introdução de renovas formas de aproximação capazes de a dar a ver e de nela agir segundo outros modelos de referências, valoração e produção de sentido.
dc.description.abstractThis dissertation is focused on the landscape, particularly its role in the construction of other maps and other representations of reality capable of triggering new ways of looking and projecting the contemporary territory. The relevance of this topic is justified not only by the need to clarify the complexity of the current process/form of extensive urbanization in its various scales and components, but, above all, to recognize it as a result of how the current society is territorialized. This invariably leads to a new way of understanding and build territory, no longer just emerging but absolutely installed in the landscape. Since the idea of 'Garden of Eden' to the contemplation of a 'commonplace', the landscape has always been a firm basis for understanding the world around us, in all civilizations following the changes that the territory and society that produces it will suffer. Until very recently, it was said that geography was the science studying the landscapes. And the landscapes were said to be a kind of synthesis and epiphenomenon resulting from a long-time relationship between the natural conditions (a set of biophysical determinants) and human action organized in societies bearers of a culture, a historicity and a technological evolution. Today, however, the resurgence of interest in the subject of Landscape has uncovered not only new ways of looking or approaches, but the emergence of new concerns as well. Be the growing importance of environmental and heritage values, either because of the fact that the rapid expansion of urbanization phenomenon at the territorial macro scale has been interlacing areas previously assigned to different disciplines, the fact is that, today, the landscape is placed on new theoretical and practical terms, combining or opposing multiple records and representations of diverse origin. In the various fields of scientific knowledge, through the field of Arts and Aesthetics, or by the social, political and media fields, the interest in the study of landscape is nowadays considered as a starting point and guideline in various domains; its aesthetic and cultural values, its dynamic and fragility are highlighted; attention is drawn to the need to protect the natural and cultural values; and, especially now, one tries to determine how the Landscape can trigger ways to requalify the framework of everyday life and rebuild any local identity. In fact, being an element that contemplates and that is the result of a long process of human modeling of natural conditions, the Landscape has become a kind of common denominator to where syntheses of knowledge converge from different sources, and therefore, also, and essential element for those who, by duty or necessity, seek for new ways of understanding and deciphering the reality, and, with them, raise clarifications and especially answers to new problems and challenges posed by the current processes of occupation and construction of contemporary territory. Indeed, in the field of study and territory planning, the sudden acceleration, in the past decades, of society's transformation and the processes of territory occupation, hand in hand with the intertwining of disciplines that analyze this phenomenon, have been causing the inflection of traditional territorial reading lenses for considering the dominance of the modes and geographies of relations and socio-spatial logics associated with new logics of massive urbanization. The systemic and relational vision that is founded and reflects in this renewed approach dimension of the territory is entirely imposed by the current need to glimpse new ways of looking and acting adapted to current processes of land occupation and, at the same time, able to overcome the proverbial inefficiency of planning concepts and tools in strict sense and outline new ways of thinking and planning better suited to new logics of urbanization. In fact, the notion of 'landscape', as usually inferred, makes sense only when related to the processes of social construction of the territory and, therefore, with those elements and/or factors that influence or lead such a construction. Hence, to understand and regulate the latest and contrasting realities of the current urbanization phenomenon, through their landscape component (in fact, the most interesting here as the consensually least studied topic), involves the identification of its structural components and the decomposition of the scaffolds and spacing that are intrinsically determinants in this social construction. As such, and focusing in particular on the possible and desirable ways to regenerate the new ground for urbanization - new in the sense that conformation does not represent nor the compact and limited city, nor the ground mainly unbuilt and governed by the rules of agriculture or the said nature - what is doubly considered here is the landscape of the designated diffused urbanization. On the one hand, while reality commonly known by the 'dispersion' of forms of occupation that produce it and represent it in their fragmentation (a term that captures it in general characteristics, but in operational terms ignores its diversity and complexity). On the other hand, as a starting point and thread of an approach significantly distinct from conventional geography which represents the territorial system as a set of points or centers (cities), on the backdrop of agricultural/rural or natural ground, and so, too, extremely relevant from the point of view of the scales and the most suitable contents for diagnosis and for planning strategies and management of current processes of occupation and construction of contemporary territory. The current landscape/urbanization, as a matter arising from a long process of construction and accumulation allowed by time (since, rather than replacing, it has been reconciling), is here seized up, either by the analysis of its evolution and physical, functional and environmental manifestation, either by the social, cultural and economic factors that territorialize it and make it specific to a given society and context; and that because it is always the result of the society that produces it and, in this respect, the late twentieth century and early twenty-first century are indeed endless disruptions and introduction of new paradigms. As such, perceive it from the society and the context that produces it is the first exercise, but its meaning is not perceived without the supplementary exercise of observing this landscape from other perspectives and placing it in broader relationships with existing processes of occupation of the territory and its regulation, on the one hand; and more specific, on the other hand, when confronted with concrete situations, such as the urbanized spot of Braga (district), extending though the Cávado almost until Barcelos, Vila Verde and Amares. Hence the bet on a scaffold of and to the landscape/urbanization, capable of responding and of introducing significant changes as processes and requirements of land occupation change and therefore also capable of maintaining their role as active support after successive transformations. This, through a positive guidance and regulation of such construction, mainly based on conceptualization and requalification of such support structures open to the uncertainty of the programs and of things built, but necessarily accurate in what concerns what they connect and separate.
dc.language.isopor
dc.rightsrestrictedAccess
dc.subjectArtes
dc.subjectArts
dc.titlePaisagem: Revisão de conceitos e práticas. O desafio dos territórios difusos
dc.typeTese
dc.contributor.uportoFaculdade de Arquitectura
dc.identifier.tid101229909
dc.subject.fosHumanidades::Artes
dc.subject.fosHumanities::Arts
thesis.degree.disciplinePrograma de Doutoramento em Arquitetura
thesis.degree.grantorFaculdade de Arquitectura
thesis.degree.grantorUniversidade do Porto
thesis.degree.level2
Appears in Collections:FAUP - Tese

Files in This Item:
File Description SizeFormat 
301286.pdf
  Restricted Access
Paisagem: Revisão de conceitos e práticas. O desafio dos territórios difusos141.14 MBAdobe PDF    Request a copy from the Author(s)


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.